Viaje na história e saiba como o Aeromovel chegou até você
Em 1959, durante diálogo mantido no pátio do Aeroporto de Seatlle (EUA), com o empresário Rubem Berta, Presidente da Varig, à época, este cunhou uma frase que acabou motivando o maior desafio da vida de Oskar Coester. Disse Berta:
“Não vai adiantar mais aumentar a velocidade do avião. O problema é chegar ao aeroporto”.
Por conta de sua qualificação e experiência, Coester, naquele momento, integrava a equipe que participou da “revolução dos transportes aéreos” ocorrida na década de 1950. O estímulo gerado a partir do diálogo com Berta conduziu Coester ao seu próximo grande passo na direção da inovação: a solução tecnológica capaz de melhorar e qualificar o transporte urbano em um cenário de cidades cada vez mais congestionadas pelo trânsito.
Deste desafio é que surgiu a tecnologia inovadora do Sistema Aeromovel, que vem se consolidando globalmente como solução em projetos que mudam a fisionomia da mobilidade urbana das cidades.
A triplicação da velocidade dos aviões fez com que 1.000 quilômetros fossem percorridos em menos tempo do que 10 quilômetros nos grandes centros urbanos. Essa foi a mudança que instigou Oskar Coester a pôr em prática seu sonho.
Neste ano, foi construído o primeiro protótipo para avaliar o comportamento e o desempenho energético, utilizando baixíssima pressão sobre a placa de propulsão do veículo.
A primeira patente foi concedida pela Inglaterra a Oskar Coester. Posteriormente, Japão, Alemanha, Estados Unidos, França, Brasil, entre outros países, seguiram a decisão dos ingleses.
Em convênio com a Fundação Universidade Empresa de Tecnologia e Ciências (Fundatec) e outras instituições de pesquisa, foram realizados testes e avaliações, que indicaram para a Empresa Brasileira de Transportes Urbanos (EBTU) as viabilidades técnica e econômica de utilização da tecnologia em sistemas de transporte urbano de média capacidade.
Um contrato foi assinado entre Coester e EBTU para avaliar o comportamento do veículo em distâncias acima de 650 m, curvas, aclives, controlabilidade, precisão de parada e eficiência energética.
Com capacidade para 12 passageiros sentados, um veículo foi instalado e operado durante a Feira de Hannover, na Alemanha. Em nove dias, 18 mil pessoas experimentaram o Sistema. Mais tarde, o mesmo veículo operou no Parque de Exposições da Expointer, em Esteio, sul do Brasil.
O ministro dos Transportes assinou um contrato para a construção de uma linha piloto, onde foram ensaiadas as primeiras vigas, e do protótipo de um veículo articulado com capacidade para 300 passageiros, em Porto Alegre.
O primeiro módulo de veículo para 300 passageiros foi projetado e construído para testes de resistência, segurança e desempenho.
Após estudos da Metroplan e aprovação do Conselho do Plano Diretor de Porto Alegre, a Linha Piloto começa a ser construída ao longo da Avenida Loureiro da Silva, em Porto Alegre.
Com tecnologia e ferramental da indústria de ônibus adaptados às características do Aeromovel, começa a ser construído o primeiro veículo articulado.
O veículo foi instalado com sucesso na Linha Piloto. Em setembro, a EBTU descontinuou o projeto, devido a mudanças de ordem político-administrativas no Ministério dos Transportes. A Aeromovel decide não abandonar a obra iniciada, mesmo com a suspensão de recursos.
Em abril, foi dado seguimento ao projeto, por intermédio de recursos privados. O veículo fez sua primeira viagem com sucesso em Porto Alegre, ao longo da Av. Loureiro da Silva.
Através da Fundatec, iniciam-se os primeiros testes de desempenho da Linha Piloto, promovidos pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo.
O sistema convencional não corresponde em desempenho em frente a rampas acentuadas e curvas fechadas. Assim, é proposta a utilização da propulsão exterior ao veículo, inspirada no princípio do barco à vela. Essa é, então, capaz de controlar pressão, direção e velocidade, conferindo segurança intrínseca ao Sistema.
O Sistema recebe autorização para transportar passageiros em demonstrações.
Um extenso contrato de avaliação da tecnologia foi assinado com o Ministério dos Transportes do Governo Federal, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo e a UFRGS.
O projeto, conforme originalmente havia sido projetado, recebe o aceite de viabilidade tecnológica para conclusão das obras.
Para completar o primeiro quilômetro da linha, é assinado um contrato de 18 meses com a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), com propósito de financiamento reembolsável.
Um grupo da Indonésia visitou a Linha Piloto em Porto Alegre e ficou interessado em construir um sistema Piloto em Jacarta.
No trecho da Linha Piloto são adicionados uma seção curva, um desvio, uma rampa de cinco graus e outra estação. Esta é preparada com controle automatizado de operação.
Grupo PT Citra Patenindo Nusa Pratama recebe concessão para desenvolver a tecnologia do Aeromovel em Jacarta, Indonésia.
Após oito meses e com ajuda de engenheiros brasileiros, a obra é inaugurada em curto prazo. Trata-se de uma linha de 3,2 quilômetros de extensão, com seis estações e três veículos, construída em Taman Mini Indonesia Indah.
Com o apoio da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, a Linha Piloto começa a operar aberta ao público nos finais de semana, em viagens turísticas, chegando a transportar mais de 12 mil pessoas por mês.
Um grupo de trabalho especializado no Ministério da Ciência e da Tecnologia avalia o Aeromovel. Em seu parecer, afirma a importância nacional do Sistema e ressalta sua aplicação para ligar terminais aeroportuários.
Projeto Aeromovel / FINEP e universidades PUCRS / UFRGS em andamento para pesquisar e desenvolver novas aplicações e materiais para o conceito do Sistema Aeromovel, assim como difundir a tecnologia no meio acadêmico, base para os avanços futuros.
O Plano de Articulação do Transporte Metroferroviário e suas Conexões com Áreas Aeroportuárias, produzido pela Secretaria Nacional do Transporte e da Mobilidade Urbana, é apresentado em Brasília.
Junto com o trem metropolitano (Trensurb), é apresentado o projeto de implementação do Aeromovel em Porto Alegre, ligando o Aeroporto Internacional Salgado Filho à Estação Aeroporto do trem. O Sistema faz parte do conjunto de obras definidas para a Copa do Mundo 2014. No fim do mesmo ano, a Trensurb e a Infraero se comprometem a cooperar no sentido de viabilizar a tecnologia na cidade, a primeira do Brasil a possuir o Sistema em operação comercial.
A Secretaria Municipal do Meio Ambiente emite licença que autoriza o início das obras. O marco para a execução do projeto se dá em uma cerimônia oficial.
São instalados os primeiros pilares e vigas da via elevada.
Em junho, grupos motopropulsores chegam a Porto Alegre trazendo motores elétricos e ventiladores industriais. Em setembro, é concluída a construção da via elevada, são instalados os pilares do terminal junto à estação e dá-se início a colocação dos trilhos.
É inaugurado o Aeromovel em Porto Alegre, ligando a estação da Trensurb ao Terminal 1 do aeroporto. Um projeto 100% nacional, com sistema automático e com tecnologia limpa e sustentável, que permite maior integração e rapidez no transporte da população.
O Aeromovel em Porto Alegre foi inicialmente desenvolvido com a proposta de prover maior mobilidade durante a Copa do Mundo realizada no Brasil. Um serviço de acesso ao evento a partir do aeroporto até o centro da cidade, com utilização do trem metropolitano, com possibilidade de viagem a cidades próximas.
Em julho, foi assinado contrato para construção do Aeromovel na cidade de Canoas, vizinha de Porto Alegre. A partir deste ato, foi dada a ordem para o início dos projetos executivos das obras civis e da tecnologia. Três meses depois, a Marcopolo assinou um contrato para o fornecimento da carroceria dos veículos.
Assinatura de contrato com fornecedores, outras contratações e início da obra civil. No mesmo ano, foi dada a ordem para o início dos serviços de realocação da rede de distribuição de energia de média tensão e iluminação.
Em agosto de 2016, o Sistema Aeromovel em Porto Alegre completa três anos de operação no transporte de passageiros entre o aeroporto e a estação do trem local, consolidando-se como um importante meio de mobilidade da cidade.